Globalmente, as doenças cardiovasculares continuam sendo uma das principais causas de eventos adversos em jovens, ao contrário de seu declínio em outras faixas etárias. Este grupo não é bem estudado e tem um perfil de risco único com fatores de risco cardiovascular menos tradicionais em comparação às populações mais velhas. A ruptura da placa ainda permanece a etiologia mais comum de infartos do miocárdio, mas síndromes únicas, como erosão da placa, disfunção microvascular coronariana, dissecção espontânea da artéria coronária e espasmo coronário relacionado ao uso de drogas são mais prevalentes nessa faixa etária. Essa diversidade de diagnóstico e apresentação, juntamente com implicações terapêuticas, reforçam a necessidade de estudar o perfil do infarto do miocárdio em jovens.
No Brasil, temos um número crescente de jovens acometidos por infartos agudos do miocárdio (IAM) nos últimos anos, com a pandemia de Covid-19, esse cenário vem se agravando, gerando mais casos de tabagismo em decorrência do estresse, casos de obesidade em decorrência do sedentarismo, além de agravar quadros de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia.
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Segundo um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte no Brasil, registrando mais de 1.100 óbitos por dia, cerca de 46 por hora!
“Quando o idoso apresenta oclusão de uma coronária, as outras artérias, ou seus ramos, podem dar conta de suprir o miocárdio isquêmico. É o que chamamos de circulação colateral. Porém, quando a pessoa tem menos de 40 anos, ela não formou uma circulação colateral e normalmente o infarto é fulminante. A aterosclerose é uma forma de inflamação. Infelizmente as pessoas acreditam que atividade física torna a pessoa saudável. Ser saudável é uma conjuntura de fatores. Por isso, temos visto um aumento crescente de infarto e câncer em adultos jovens”, alerta o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular que atende em São Paulo, Campinas e a distância.
A mortalidade por doenças cardiovasculares diminuiu de 2003 a 2013. Embora a incidência tenha diminuído em populações mais velhas, homens e mulheres mais jovens que apresentam infarto agudo do miocárdio não tiveram declínios semelhantes (especialmente homens) em eventos cardiovasculares.
Isso é algo que chama muita atenção, pois tivemos grandes avanços na melhoria do diagnóstico e da terapêutica. Os desafios atuais incluem apresentação atípica e tardia, não adesão ao tratamento e síndromes exclusivas para esta faixa etária. Por exemplo, dissecção espontânea da artéria coronária, angina vasoespástica, IAM com capa fibrosa intacta e uso de cocaína / metanfetamina são mais prevalentes na faixa etária mais jovem.
Os dados de acompanhamento de 10 anos do Framingham Heart Study revelaram que a incidência de IAM foi de 12,9, 38,2 e 71,2 por 1000 em homens e 2,2, 5,2 e 13,0 por 1000 em mulheres nas faixas etárias de 30 a 34, 35 a 44 e 45 a 54 anos, respectivamente. De 708 IAM entre 5.127 participantes, mais de 25% eram silenciosos, e a proporção de IAM não reconhecidos era maior em mulheres.
A ruptura da placa é responsável por aproximadamente 60% a 65% dos casos de IAM em indivíduos jovens e, semelhante a indivíduos mais velhos, é a causa mais comum de IAM nessa faixa etária.
Na pesquisa NHANES-3 de 10.085 adultos entre 18 e 45 anos de idade, o uso frequente de cocaína foi responsável por 25% dos IAM não fatais.
Uma série de casos ou estudos de caso-controle descreveram pacientes jovens com IAM que usaram anfetaminas, anticoncepcionais orais (especialmente associado ao tabagismo), ou maconha. O uso da maconha foi associado a um risco quase 5 vezes maior de IAM em relação ao valor basal, especialmente na primeira hora após o uso. Seu uso também foi associado a uma maior mortalidade.
O papel do estresse psicossocial é pouco reconhecido e subestimado, e uma maior prevalência de depressão, ansiedade e hostilidade em pacientes mais jovens provavelmente contribui não apenas para o vício, mas para a patogênese das doenças cardiovasculares aguda e crônica.
Os investigadores do INTERHEART forneceram a perspectiva global mais completa sobre o efeito dos fatores de risco associados ao IAM.
- Aumento da razão apolipoproteína B / apolipoproteína A1 (odds ratio [OR], 3,25 [quintil mais alto vs mais baixo]);
- Tabagismo (OR, 2,87 [atual vs nunca]);
- Obesidade abdominal (1,12 [tercil mais alto vs mais baixo]);
- Hipertensão (OR, 1,91);
- Diabetes mellitus (OR, 2,37);
- Problemas psicossociais (OR, 2,67);
- Comer frutas e vegetais diariamente (OR, 0,70) (protetor);
- Uso regular de álcool (OR, 0,91) (protetor);
- Exercício físico regular (OR, 0,86) (protetor).
Todos os fatores de risco tinham um P <0,0001 e o álcool um P = 0,03.
O perfil dos fatores de risco em pacientes mais jovens que apresentam IAM reflete os da faixa etária mais avançada. O tabagismo e a hiperlipidemia são dois fatores de risco principais, responsáveis por quase dois terços do risco atribuível à população de IAM.
A mudança de estilo de vida é fundamental para mudar este cenário.
A genética existe, mas praticamente todos os fatores de risco são modificáveis.
Vamos iniciar a mudança que queremos ver!
Infelizmente, é a primeira vez no período pós guerra que estamos vendo uma queda na expectativa de vida e somente nós mesmos podemos reverter este cenário!
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Para consulta e agendamento com o Dr. Daniel Benitti em Campinas, ligue para (19) 3233-4123 ou (19) 3233-7911.
Para consultas com o Dr. Daniel Benitti em São Paulo, ligue para (11) 3081-6851.
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