Uma mãe no momento da concepção deve ser saudável. Idealmente, durante a gestação, ela deve ganhar peso adequadamente e continuar a se exercitar. Isso resulta em uma colonização intestinal equilibrada. Quando um bebê nasce por meios naturais, um grande bolus de bactérias colonizadoras provém da ingestão dos organismos intestinais e vaginais da mãe. Após o nascimento, uma criança coloniza rapidamente seu intestino sob a influência do leite materno, que deveria ser dado exclusivamente pelos primeiros quatro meses de vida. A amamentação com leite materno contém bactérias do intestino da mãe e nutrientes que estimulam a proliferação de bactérias promotoras de saúde na criança, os famosos probióticos.

A natureza das doenças mudou muito nos últimos 30 anos. Observamos um aumento impressionante de alergias e condições auto-imunes, como diabetes, obesidade, doença inflamatória intestinal, doença celíaca e esclerose múltipla. O microbioma, as colônias variadas e cheias de bactérias intestinais dentro de nós, pode estar ajudando a impulsionar essa mudança.

“A colonização ocorre nos primeiros dois anos de vida. Ele passa por estágios: alguma exposição no útero ocorre com bactérias do intestino da mãe, passando pela placenta para o líquido amniótico. A colonização principal começa com o parto, quando o feto passa pelo canal do parto ou nasce por cesariana. Cada modo produz um padrão de colonização diferente. A colonização é ainda mais afetada pela dieta (leite materno versus fórmula) e desmame com alimentos sólidos. Com colonização completa aos dois anos de vida, cada indivíduo tem uma assinatura única de bilhões de organismos que residem, principalmente em seu cólon”, explica o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular que atende em São Paulo e em Campinas.

A natureza das bactérias colonizadoras difere com base na localização geográfica do mundo.

Já é consenso que a colonização inicial apropriada do trato gastrointestinal por bactérias e uma boa nutrição desde o momento da concepção até o segundo ano de vida (os primeiros 1.000 dias) podem afetar profundamente a nossa saúde durante a infância e a idade adulta.

Uma pesquisa recente publicada na revista Nature enfatizou a importância do grande número de bactérias que colonizam o trato intestinal e podem contribuir para o desenvolvimento de funções metabólicas e protetoras no organismo. Em essência, as bactérias colonizadoras funcionam como um órgão adicional ao fornecer metabólitos protetores e substâncias antibacterianas.

Temos de 6-10 bactérias para cada célula no corpo!

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Durante os primeiros 1.000 dias, o feto e o recém-nascido em crescimento passam por grandes mudanças no desenvolvimento dos órgãos, principalmente no trato gastrointestinal. As bactérias colonizadoras ou suas secreções interagem com o desenvolvimento das funções do corpo de maneiras que podem ter efeitos a longo prazo sobre como a criança e o indivíduo adulto respondem a estímulos ambientais, como dieta, animais de estimação e anticorpos. Por fim, isso pode ajudar uma pessoa a se manter saudável ou causar uma doença crônica, como diabetes tipo 1 ou doença inflamatória intestinal.

Um recém-nascido deve colonizar adequadamente o intestino para realizar reações necessárias a estímulos prejudiciais e não prejudiciais. A tolerância – o processo de distinguir entre estímulos potencialmente prejudiciais e inofensivos – é o meio pelo qual isso ocorre.

No entanto, nos casos em que bactérias inapropriadas colonizam o intestino, até estímulos inofensivos – como antibióticos, componentes alimentares ou bactérias inofensivas – podem causar inflamação. Isso pode levar a condições como alergia, doenças crônicas e doença inflamatória intestinal.

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